Que ainda há muita desigualdade no mercado de trabalho em relação à participação feminina, isso ninguém contesta. No entanto, pesquisas apontam que empresas com mulheres em cargos executivos têm 50% mais chances de aumentar a rentabilidade e 22% de melhorar a média do indicador Ebitda (que avalia o desenvolvimento financeiro de um negócio). Foi o que mostrou o estudo recente feito pela McKinsey, na América Latina.
Essa realidade já é percebida por várias empresas. Segundo a consultoria Great Place to Work, a fatia de mulheres em cargos de liderança nas 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil cresceu de 11% em 1997 para 42% em 2018, mais de 30% em duas décadas.
Ainda assim, no Brasil a presença de líderes mulheres em cargos de alta gestão é de 19%, enquanto a média global é de 27%. Outro estudo, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), indica que até 2030 a participação feminina no mercado de trabalho brasileiro deve crescer mais do que a masculina. Mulheres têm investido mais em educação e se qualificado de forma diferenciada. Os padrões culturais mudaram, mas no Brasil ainda tem muito que avançar.
Com a proximidade do Dia Internacional da Mulher, em que o mundo todo celebra a conquista do voto e a luta pelos direitos iguais, é importante ressaltar que, ao ocuparem posições de liderança, as mulheres se diferenciam em algumas competências. A nova configuração dos papeis nas empresas, a evolução da cultura organizacional, com práticas mais inclusivas e colaborativas, exige da liderança competências muito relacionadas ao perfil feminino.
De acordo com Marcela Zanardo, especialista em liderança e gestão de pessoas, a capacidade de se colocar no lugar do outro é um grande diferencial na liderança. Segundo Marcela, as mulheres, em geral, têm grande capacidade de ouvir. Por isso conseguem gerar empatia com facilidade e conseguem mais cooperação e comprometimento de suas equipes, seja com os objetivos da organização ou em um projeto em particular. O espírito colaborativo em um time liderado por uma mulher é algo natural.
Outro diferencial da liderança feminina é que as mulheres dão maior relevância o lado humano dos colaboradores. “Isto faz com que sejamos mais habilidosas na inclusão das pessoas em nossas equipes e na retenção de talentos”, aponta Marcela.
As mulheres possuem ainda grande capacidade de liderança horizontal. “Por termos tendência à inclusão, compartilhamos o poder e informações com aqueles que lideramos e, com isso, conseguimos encorajar todos a participarem de tomadas de decisões, resoluções de problemas, coletas de feedbacks, entre outros assuntos”, explica Marcela.
Naturalmente, as mulheres também possuem a intuição mais aguçada e utilizam essa habilidade para reconhecer com maior facilidade falhas ou potenciais, tanto nas pessoas quanto nos processos. E isso contribui para que elas tomem decisões rápidas e de maneira mais assertiva.
As contribuições das mulheres no mercado de trabalho têm sido significativas, mas ainda há muito espaço a ser conquistado. Para Marcela, tudo é uma questão de tempo. “Nós somos persistentes e mesmo diante das dificuldades, conseguimos lutar por nossos objetivos, e enxergamos uma gama maior de soluções quando nos deparamos com situações de conflitos, atritos e mudanças bruscas de cenário. As empresas que enxergam esse potencial e incluem as mulheres em seu time de liderança saem no lucro”, afirma.