
O Down Dance, grupo formado por jovens com síndrome de Down da Associação Amigos Especiais de Limeira (AEL), embarca nesta quinta-feira, 5 de setembro, para Puerto Iguazú, na Argentina. Os dançarinos limeirenses irão representar o Brasil no XXV Festival Internacional de Dança do Mercosul.
O evento anual já destacou o talento de mais de 20 mil bailarinos latino-americanos em 25 anos de existência. Para a edição de 2019, os participantes foram selecionados nos mais importantes festivais de dança realizados na Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai no último ano.
A vaga foi garantida pelo Down Dance após a conquista de dois prêmios no 22° Festival da Primavera “Som, Luz e Dança”, em Pirassununga, que reuniu participantes de todo o Brasil, em 2018. Os jovens de Limeira conquistaram o primeiro lugar na categoria que disputavam e ainda arrebataram o prêmio de grupo revelação. Além dos troféus, o Down Dance foi pego de surpresa com a conquista da vaga para o festival da Argentina, já que este prêmio não havia sido anunciado com antecedência.
Para conseguir enviar o Down Dance para a Argentina, a AEL realizou uma série de ações para levantar recursos financeiros parar arcar com os custos da viagem e da hospedagem. Foram organizadas festas, ações junto ao comércio e uma vaquinha on line que mobilizou dezenas de doadores. Os esforços não foram suficientes para arcar com o investimento total da viagem, mas os pais assumiram a parcela final.
O XXV Festival Internacional de Dança do Mercosul começa em 4 de setembro, mas os jovens com síndrome de Down de Limeira irão se apresentar apenas no dia 7. “Serão cerca de 15 horas de viagem de ônibus até a Argentina. Chegaremos no dia 6 e todos irão descansar. No dia 7, os jovens irão ensaiar e se apresentar na competição. Retornaremos ao Brasil no dia 8”, explica Rinalva Bertagna, mãe de uma das dançarinas.
Cada jovem será acompanhado por um responsável e diretores da Associação também integrarão a comitiva. “Essa é uma viagem muito mais comemorativa do que competitiva. Vamos mostrar a outros países um trabalho despretensioso que começou em Limeira e ganhou tamanho reconhecimento. Esperamos que possa servir de exemplo para outras cidades ou associações. Vamos para levantar a bandeira da inclusão com muita alegria”, diz Sueli Ferraz, mãe de uma das participantes do Down Dance.
Down Dance
O projeto foi iniciado em 2017 pela Associação Amigos Especiais de Limeira. As aulas de dança são gratuitas e oferecidas às quartas-feiras, a partir das 18h30, pelo professor Betho Bastelli, na Taba do Brasil. O grupo se apresenta em espetáculos e festivais em várias cidades e é formado por cerca de 10 componentes.
A dança faz parte do processo de desenvolvimento da pessoa com síndrome de Down. É uma arte que estimula a criatividade, a habilidade motora, a consciência corporal, o desenvolvimento cognitivo e a expressividade. “Com esse empoderamento do próprio corpo, a pessoa passa a ter maior autonomia, gerando assim uma inclusão mais verdadeira e eficiente”, diz Bastelli.